Em discurso contundente nesta quarta-feira (2), o presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, deputado Marcelo Santos (Podemos), fez duras críticas a secretários estaduais que já se articulam como pré-candidatos para as eleições de 2026. Segundo ele, alguns membros do primeiro escalão do governo Renato Casagrande (PSB) estão confundindo o exercício da função pública com campanha antecipada.
“Os secretários do governo que serão candidatos em 2026 estão confundindo Secretaria com palanque, e isso é feio para o governador Casagrande”, disparou Marcelo, ao afirmar que a Assembleia, apesar de momentaneamente tolerante, irá agir para coibir abusos e práticas irregulares.
Marcelo Santos foi direto ao afirmar que não vai permitir o uso da máquina pública com fins eleitorais, tampouco a coação de cidadãos que buscam serviços do Estado.
“A eleição é só no ano que vem. Não confunda sua pasta com comitê eleitoral. A Assembleia não vai permitir, muito menos essa prática de só atender quem declara apoio ao candidato do governo. Isso é coação”, afirmou em tom de alerta.
Segundo o presidente, já há diversas denúncias chegando ao Legislativo sobre condutas consideradas “vergonhosas” dentro de algumas secretarias.
A fala provocou reações imediatas no plenário. O deputado Alcântaro Filho (Republicanos) apoiou a manifestação do presidente e cobrou que a atuação firme também se estenda aos possíveis candidatos ao Governo do Estado. Sem citar diretamente o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB), Alcântaro sugeriu que há perseguição política a prefeitos que não apoiam o nome ventilado pelo governo para a sucessão.
“Há municípios sendo prejudicados por escolhas políticas. Isso não pode acontecer num estado democrático”, reforçou.
O clima na Assembleia refletiu o aumento da tensão política em ano pré-eleitoral. A cobrança direta ao Palácio Anchieta deixa claro que o Legislativo está atento ao comportamento dos agentes públicos e não pretende tolerar o uso indevido da estrutura estatal.