Thursday, 10 de July de 2025
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Brasil Economia

Tarifa de 50% dos EUA ameaça economia do ES

Medida afeta aço, rochas ornamentais, celulose e café; empresas do ES temem queda nas exportações, empregos e competitividade

10/07/2025 09h07 Atualizada há 9 horas
Por: Redação O Diário Fonte: da redação
Portocel em Aracruz é líder em embarque de celulose para o mundo.
Portocel em Aracruz é líder em embarque de celulose para o mundo.

O anúncio de Donald Trump, presidente dos EUA, de impor uma tarifa de 50% sobre todas as importações brasileiras – com vigor a partir de 1º de agosto, desencadeou apreensão imediata no Espírito Santo. O Estado, que teve 33,9% de suas exportações destinadas aos EUA entre janeiro e junho deste ano, vê seus setores mais expressivos sob pressão.

Setores capixabas em risco

  • Siderurgia:
    Em 2024, o ES exportou US$ 1,8 bilhão em produtos de aço, sendo US$ 1,14 bilhão, 63%, para os EUA. A ArcelorMittal Tubarão, principal produtora local, enfrenta queda de demanda mesmo com tarifa de 25%, que agora dobra, tornando qualquer previsão incerta.

  • Rochas ornamentais:
    Setor com 80% da indústria nacional concentrada no ES, movimenta cerca de R$ 15 bilhões por ano e gera 30 mil empregos. Exportados US$ 711 milhões em 2024, dos quais 56% foram aos EUA. Empresários alertam que a tarifa é “violenta” e reduz drasticamente a competitividade.
  • Papel e celulose:
    Mais da metade da produção estadual (unidades como Aracruz/Suzano) destina-se à Kimberly‑Clark nos EUA. Com exportações nacionais de US$ 1,6 bilhão ao mercado americano em 2024, o ES é especialmente vulnerável.
  • Café:
    O ES exportou US$ 270 milhões em café para os EUA em 2024, parte dos US$ 1,9 bilhão brasileiros. Embora preços saudáveis no mercado global possam atenuar impactos, os empresários preveem volatilidade.

Mercado

A Findes classificou a medida de “arbitrária”, lamentando o rompimento com os princípios do comércio internacional e ressaltando a alta integração da economia capixaba com o exterior. Já a CNI alerta que cerca de 10 mil empresas exportadoras brasileiras, muitas capixabas, poderão perder competitividade; prevê ainda que milhares de empregos estejam ameaçados.

Apesar da preocupação, a Findes observa que contratos vigentes podem sustentar remessas no curto prazo e há previsão de redirecionamento para outros mercados como Europa ou China em médio prazo . Estratégias como esteira de diversificação de mercados e esforços diplomáticos estão sendo priorizadas.

Perspectivas e estratégias locais

Curto prazo:

  • Alguns importadores americanos podem suspender embarques gerando penalidades contratuais, enquanto antigos contratos ainda dão suporte às remessas.

  • Contratos firmes podem sustentar exportações, embora haja cuidado com cumprimento e logística.

Médio e longo prazo:

  • Redirecionamento para mercados alternativos, como União Europeia (via Mercosul‑UE) e Ásia.

  • Investimentos internos: optar por destinar produtos ao consumo doméstico, adicionando valor local, estratégia já discutida na ES .

  • Diplomacia ativa: governo federal e entidades setoriais articulam negociação junto aos EUA e via OMC .

Em resumo: A tarifa de 50% decretada por Trump é um choque severo ao Espírito Santo: afeta diretamente os pilares da indústria, pode gerar redução de empregos e impacto econômico de porte, especialmente a curto prazo. Ainda que haja esperança em contratos vigentes e novas fronteiras comerciais, a incerteza reina, e a resposta local passa por coordenação entre setor produtivo, governo e diplomacia para evitar retrocessos em industrialização e trade regional.

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